topo
linha2

Fotogaleria

 
» Home » Crónicas e Artigos » Avelino Texeira » A Ilha Terceira perdeu mais um dos seus poetas

 

A Ilha Terceira perdeu mais um dos seus poetas

 

Faleceu David Fagundes

Conheci-o em 1963 quando começei a ir ao posto da Guarda Fiscal de Angra do Heroismo para me encontrar com António Mendes, autor de algumas cantigas que fizeram parte do reportório com que me iniciei nas cantigas. Era um homem pacato delicado e muito calado. Naquela altura, nunca me apercebi que ele fosse também um poeta, pois falávamos muito pouco. Quando eu ia ao posto e ele estava de guarda geralmente perguntava-lhe se o meu amigo António Mendes estava por perto.

Decorridos sessenta anos, o meu primo Liduino Borba dá-me a saber que tinha escrito um livro intitulado “David Fagundes Versos duma Vida” e que me iria enviar o livro para que eu o lesse. Quando o recebi, para minha surpresa, deparei-me com a foto de um homem que eu havia conhecido há tantos anos. Caso para se dizer “como o mundo é pequeno”. O livro foi apresentado ao público no Domingo de Páscoa de 2009, na Fonte do Bastardo perante uma numerosa e entusiasta audiência.

Cidade de Angra do Heroismo e Castelo de S. João Batista Machado. Foto tirada desde o alto da Memória

Da nota do autor, extraí a informação que passo a transcrever: David Martins Toste Fagundes veio ao mundo a 20 de Agosto de 1938 na freguesia da Fonte do Bastardo, Concelho da praia da Victória, Ilha Terceira Açores. Nasceu no seio de uma modesta família abençoada por Deus com onze filhos. Ele era o nono. Frequentu a escola primária até ao quarto ano tendo passado no exame, com distinção, a 19 de Julho de 1949. Após o exame, o professor tentou convencer os pais do David a dar-lhe uma educação académica, mas devido à situação económica de então e à numerosa família que tinham, tal não foi possível. Só anos depois, quando David Fagundes já então membro das fileiras da Guarda Fiscal e a prestar serviço na Ilha de Santa Maria, Açores, frequentou durante um ano o ensino externo para o antigo Segundo Ano e Ciclo Preparatório, concluindo os dois através do Extrenato de Santa Maria.

Com doze anos, ingressara nas tarefasda lavoura trabalhando no campo, mungido as vacas e acarretando o leite destas às costas desde a parte de baixo da freguesia até à de cima, enquanto que seus irmãos mais velhos iam trabalhar por conta de outrem para ajudar seus pais a colocar pão na mesa para alimentar a numerosa família. Mais tarde, já com desoito anos, também chegou a ir ganhar o dia, como naquele tempo se dizia, recebendo em paga pelo seu trabalho 25 escudos por dia.

Teria tido uns quinze anos quando escreveu os seu sprimeiros versos. Mas foi entre 1959 e 1960, enquanto prestava serviço militar, que compôs muitos versos, devido à disponibilidade que tinha e o acesso a uma máquina de escrever coisa muita rara naquele tempo. Com a sua transferência para a Ilha Terceira, o rítmo da escrita abrandou para regressar ao auge nos anos oitenta. Só quando passou à reserva, em 1992, é que retomou a entrega pela escrita pelo facto de ter mais disponibilidade e um maior envolvimento social. Nos anos que se seguiram compôs extensos trabalhos e de boa qualidade. Por exêmplo; As Velhas da Terceira que só aparecem escritas e cantadas depois do ano 2000 se bem que já nos anos oitenta tenham aparecido algumas. Fim de citação

Capa da publicação

Liduino Borba teve a feliz iniciativa de levar à forja o livro “Versos duma Vida” antes que ela se acabasse, se bem que então não se adivinhasse que a mesma estava prestes do seu término. Com a publicação deste livro, a memória do seu autor prevalecerá eternamente.

David Fagundes deixou o nosso mundo no dia 14 de Dezembro de 2010.

Contava 72 anos de idade. Paz à sua alma.

 


Queremos ouvir a sua opinião, sugestões ou dúvidas:

info@adiaspora.com

 

Voltar para Crónicas e Artigos

bottom
Copyright - Adiaspora.com - 2007